18 Maio, 2017 9:54

Piauí reforça Luta Antimanicomial com atendimento humanizado e multiprofissional

A Secretaria da Saúde desenvolve ações para ampliar a desinstitucionalização

O Brasil comemora 30 anos de Luta Antimanicomial, marcado pelo dia 18 de maio. Essa luta de diversos grupos e movimentos sociais tem como proposta uma sociedade sem manicômios, sendo propulsor da Reforma Psiquiátrica Brasileira. Com isso, a assistência a pessoas que vivem e convivem com os transtornos mentais é voltada para uma concepção mais humanizada, o que promove a readequação dos dispositivos que envolvem a saúde mental.

No Piauí, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) vem desenvolvendo ações para ampliar a desinstitucionalização, intensificando o acompanhamento desde a Atenção Primária até a oferta de procedimentos mais complexos. Para isso, o Estado conta com um sistema de assistência diversificado, dispondo de equipes multiprofissionais para o tratamento humanizado de vários tipos de distúrbios psíquicos. “O Estado está comprometido em garantir esses direitos, trabalhando veementemente para que essa luta possa ser concretizada no dia a dia dos pacientes com transtornos mentais”, comenta a gerente de Saúde Mental, Gisele Martins.

Na proposta antimanicomial, a Saúde, por meio da Gerência de Saúde Mental, adequa-se à realidade dos pacientes para proporcionar o tratamento mais adequado e comunitário. Atualmente, o Piauí possui 64 Centros de Assistência Psicossocial (CAPs), onde o Estado trabalha junto aos gestores municipais para que se tenha uma rede cada vez mais qualificada e que dê suporte de atendimento nos territórios de origem do paciente.

Com isso, o Estado sai da perspectiva de um atendimento centrado nos hospitais psiquiátricos e passa a descentralizar para um atendimento comunitário, dentro do próprio município em que o paciente reside, favorecendo a inclusão social com vistas à promoção de autonomia e ao exercício da cidadania, promovendo a equidade. Humanizando a assistência, a partir do momento em que não há necessidade de deslocamento em grandes distâncias, muitas vezes realizadas sem o transporte adequado.

“O Piauí possui uma rede que possibilita o atendimento de forma digna aos pacientes, garantindo seus direitos fundamentais, tendo em vista que a assistência é realizada em diversos níveis, integrando o comunitário, no próprio território de origem do paciente, tendo a retaguarda de um hospital geral com suporte à crise, o CAPS, tendo apoio dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras), Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas), além da estratégia em saúde da família”, completa a gerente Gisele Martins. 

Residências terapêuticas

As residências terapêuticas são uma dessas alternativas de atendimento aos pacientes com transtorno mental oriundos do sistema hospitalar psiquiátrico, inclusive o prisional, que não possuem vínculo familiar e passaram dois anos ou mais internados, tornando-se um novo lar para esses indivíduos.

Esses locais proporcionam o retorno desses pacientes ao ambiente comunitário com o propósito de humanizar a assistência psiquiátrica. Atualmente, o Piauí possui sete residências terapêuticas. Esse modelo, tido como referência nacionalmente, mostra que a evolução desses pacientes é possível por meio de convívio social e assistência em rede ligada à Unidade Básica de Saúde e Centros de Atenção Psicossocial (Caps).

“Já sofri muito, hoje em dia estou no céu”, é o que relata Camila*, moradora de uma das residências, no qual 25 dos seus 59 anos foram vividos em instituições manicomiais. “Já fui moradora de rua, não sabia nem pra onde ia, e aqui eu tenho uma casa, crio meu gatinho, posso comprar as coisas que quero, meu perfume e meu batom”, completa Camila.

A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional tem sido desenvolvida em parceria com a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), Ministério Público e Poder Judiciário com o desejo de melhorar a assistência a esses pacientes.

Assistência Infanto-juvenil

Para a população até 17 anos que possui transtorno mental e/ou é usuário de álcool e outras drogas, o Estado também dispõe do Centro de Atenção Psicossocial Infanto-juvenil Dr. Martinelli Cavalca (CAPSi). O centro atende na zona norte de Teresina e tem capacidade para realizar até 50 consultas e acompanhamentos por dia, conta com área esportiva e brinquedoteca, terapia ocupacional com diversas oficinas de artes às crianças, adolescentes e familiares, ofertando acompanhamento clínico especializado para reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.

Assistência especializada

O Piauí também oferece atendimento psicológico e psiquiátrico gratuito à população no Hospital Areolino de Abreu, com dois tipos de tratamentos: ambulatorial, para casos leves, e o intensivo, para internação integral. O hospital conta com a Enfermaria de Assistência à Crise, que atende pacientes em surtos. Ela funciona em regime de plantão médico 24 horas. Depois de estabilizado, o paciente é encaminhado para tratamento continuado no Caps da região em que reside.

Pacientes com dependência química

Já, para atendimento a pacientes dependentes químicos e que precisam de cuidado intensivo, o Hospital do Mocambinho é referência. 

Leitos Psicossoais

Foram implantados seis leitos na Maternidade Dona Evangelina Rosa para mulheres puérperas, usuárias de álcool e outras drogas. Além dos mais sete leitos psicossociais que estão em fase de implantação no Hospital da Polícia Militar.

Também está prevista a criação de duas unidades de acolhimento, uma masculina e uma feminina, que darão retaguarda aos Caps do estado. Esse amparo será ofertado em módulo residencial, com até seis meses de internação, avançando substancialmente na política de saúde mental no Piauí.

Autoria: Denise Nascimento
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