06 Julho, 2017 10:19

Estagiários da Defensoria Pública participam de roda de diálogo sobre violência contra as mulheres

Ação é desenvolvida desde abril e será estendida a outros segmentos da instituição ainda neste ano.

Lázaro Lemos
Defensor Igo Sampaio fala aos estagiários da Defensoria durante roda de diálogo (Lázaro Lemos)

A Defensoria Pública do Estado do Piauí (DPE-PI) realizou, nessa quarta-feira (05), mais uma roda de diálogo sobre a Campanha do Laço Branco. A atividade ocorreu no auditório da Unidade João XXIII e foi destinada, exclusivamente, aos estagiários do sexo masculino da instituição. Conduziram o momento, os defensores públicos Erisvaldo Marques, subdefensor público geral; Igo Castelo Branco, do Núcleo de Direitos Humanos e Tutelas Coletivas; Rogério Newton, do Núcleo Especializado da Saúde; e  João Castelo Branco, da 3ª Defensoria Pública de Família.

A roda de diálogo busca discutir a Campanha do Laço Branco, com o objetivo de chamar a atenção dos homens para posição que ocupam no processo de combate à violência contra as mulheres, fazendo com que compreendam a importância de tornarem-se multiplicadores de uma mudança de comportamento em relação a essa realidade.

“Esse momento é importante porque entendemos os estagiários como jovens que, como quaisquer outros homens, estão imersos nesse machismo cultural. Nesse contexto, a Defensoria se propõe a realizar essa atividade abrangendo o público interno, porque entendemos necessária a discussão a respeito do machismo, tão presente em nossa sociedade, uma realidade que, para ser mudada, exige um processo de autoaceitação. Nessa roda de diálogo, é possível que os participantes coloquem as vivências, proporcionando uma visão individual, mas também coletiva, que entendemos como importantíssima. A Defensoria, por sua vez, tem também a obrigação de qualificar e capacitar os estagiários para que possam entender melhor o tema,  tornando-se multiplicadores tanto em casa como no ambiente de trabalho, contribuindo inclusive para a formação como futuros profissionais da área do Direito”, disse Igo Sampaio.

Rogério Newton destacou o formato da atividade e os ganhos que ela traz. “A iniciativa sobre esse tema é muito importante. A metodologia usada é também fundamental,  porque está constatado que  muita violência é decorrente de métodos autoritários inconscientes, que utilizamos sem perceber e que são, por si só, violentos e excludentes. Então, quando se faz uma roda, um círculo, as hierarquias se dissolvem e há uma troca de ideias com mais igualdade. Nessa configuração, se não conseguimos dissolver a hierarquia como um todo, temos a oportunidade de dissolver um pouco a forma hierarquizada de pensar, levando em consideração que muita violência é decorrente exatamente desse autoritarismo arraigado não só na sociedade, mas nas instituições também”, ressaltou o defensor.

“É  muito importante a discussão desse tema relacionado ao gênero sob o ponto de vista dos homens, discutindo a situação da mulher na sociedade, vendo principalmente a questão do machismo. Essa é a segunda reunião no âmbito da Defensoria, dessa vez, envolvendo, especificamente, os estagiários, o que é um dos objetivos do projeto, que busca a difusão dessas discussões dentro  da instituição e também fora dela. A partir desse diálogo, esperamos que, cada vez mais, as pessoas estejam conscientizadas da situação da mulher, da questão do gênero, no sentido de termos uma sociedade mais igualitária”, afirmou o subdefensor público geral, Erisvaldo Marques.

O estagiário da 12ª Defensoria de Família, Dharlyyn Soares, destacou como se sente em relação à proposta de discussão da Campanha do Laço Branco. “É muito importante, devido aos acontecimentos relacionados à violência contra a mulher, ao feminicídio, que têm crescido. Precisamos levar esse debate, que é essencial, para  a sociedade”, disse Dharlyyn.

“ A violência contra a mulher ainda é muito velada na sociedade, tendo sido descortinada somente a partir da Lei Maria da Penha, promulgada há 11 anos. Trata-se de um tema mais que pertinente. porque em relação à mulher, ainda existe certa discrepância quanto aos direitos sociais. É preciso buscarmos o empoderamento da mulher, tornando-a mais capaz e atuante nas mais diversas áreas”, afirmou Júlio César de Carvalho, estagiário da 10ª Defensoria de Família.

Moacir Ximenes de Sousa Neto, estagiário da área da Fazenda Pública, também se manifestou sobre a roda de diálogo. “Acho muito importante rever conceitos. Discussões dessa natureza devem ocorrer em todos os lugares, envolvendo os homens, mas também as mulheres, que muitas vezes, mesmo inconscientemente, adotam comportamentos machistas devido a uma questão cultural”, afirmou o estagiário.

A Roda de Diálogo é desenvolvida a partir de um termo de cooperação com a Prefeitura de Teresina no tocante a garantir a discussão da Campanha do Laço Branco. Segundo Igo Sampaio, a discussão deve ser levada para outros segmentos da Defensoria Pública, inclusive abrangendo o interior do estado. Também deverão ser firmadas parcerias com outros órgãos e instituições para debater o tema.

Autoria: Ângela Ferry
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