07 Março, 2017 7:23

Há um ano, bebês com microcefalia recebem cuidados especiais no Ceir

Ascom Ceir
João Gabriel acompanhado da mãe, Fernanda Nunes (Ascom Ceir)

João Gabriel tem apenas 10 meses de vida, com um sorriso que dá forças para a sua mãe, Fernanda Nunes, não medir esforços para o tratamento do filho. O bebê nasceu com microcefalia, mas apenas foi diagnosticado com a doença há três meses.

“Eu ainda não sabia o que fazer e muito menos que lugares procurar. Mas fui atrás e não desisti. Até que encontrei o Ceir, lugar que ainda não conhecia, mas que tem sido uma segunda casa”, comenta Fernanda Nunes.

A dona de casa saiu de Caraúba, no Norte do Piauí, deixando esposo e família, para que o filho pudesse receber os cuidados do Centro Integrado de Reabilitação (Ceir). “Foi muito difícil e ainda está sendo. Mas agora estou recebendo orientações sobre os direitos do meu filho e estou vendo ele apresentar melhoras”, conta Fernanda.

Assim como João Gabriel, outros 71 bebês com microcefalia recebem diariamente cuidados especiais do Ceir, que há um ano mantém a Clínica de Microcefalia, com atendimentos e horários exclusivos.

Atendimento na Clínica de Microcefalia do Ceir( Foto: Ascom Ceir)

A coordenadora do serviço, Maria Andreia Marques, explica que a clínica possui um programa de reabilitação que tem sido adaptado de acordo com as necessidades dos bebês e das famílias.

 

Clínica de Microcefalia

A Clínica de Microcefalia iniciou com um programa, composto por grupos de estimulação precoce, para estimular o desenvolvimento motor, cognitivo, social, sensorial e a linguagem do bebê; grupos de acolhimento, para trabalhar o afeto entre as mães; além de atendimentos individuais de fisioterapia e cursos para pais ou responsáveis com orientações sobre o cuidado da criança com microcefalia.

“Observando novas necessidades, agora também realizamos avaliação e monitoramento da saúde auditiva desses bebês, confeccionamos órteses especiais para eles, oferecemos um grupo terapêutico de apoio às mães, entre outros serviços”, pontua Maria Andreia Marques.

Atendimento na Clínica de Microcefalia do Ceir( Foto: Ascom Ceir)

O serviço, que é uma ação da Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (Sesapi) com o Ministério da Saúde, disponibiliza uma equipe multidisciplinar composta por médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, dentistas, nutricionistas, entre outros profissionais.

Para ter acesso, basta ir até o Centro de Referência Estadual de Microcefalia, que funciona no Instituto de Perinatologia Social da Maternidade Dona Evangelina Rosa, ou ao Centro Integrado de Saúde Lineu Araújo. Desses locais, o bebê é encaminhado para o Ceir, onde é avaliado em consulta médica de admissão e inserido no programa de reabilitação.

Novos motivos para sorrir

"Cada evolução é um novo motivo para sorrir", é o que conta a jovem Gabriela Marcondes, mãe do Ravi Lucas, de 11 meses. “Ele só tinha dois meses quando iniciou o tratamento e tem evoluído bastante. Cada dia é uma descoberta e uma vitória”, diz a mãe.

Além da atenção à saúde do filho, Gabriela tem no Ceir a garantia dos seus direitos. “Nós acolhemos famílias que não estavam preparadas para receber um bebê com microcefalia, que é uma pessoa com deficiência que tem direitos garantidos por lei desconhecidos pela maioria”, explica Izabel Herika, coordenadora do Serviço Social do centro.

Entre os direitos, estão o passe livre municipal, benefício de prestação continuada, Tratamento Fora do Domicílio (TFD), acesso a medicamentos e outros. “Há casos em que entramos em contato direito com o Ministério Público para assegurar os direitos dessas famílias e comemoramos cada conquista”, destaca a assistente social.

O caminho não é fácil e são muitas as dificuldades enfrentadas e ainda serão muitos os desafios que irão surgir. Mas os sorrisos no rosto de cada um desses 72 bebês e os olhares das mães e terapeutas acompanhando cada evolução são recompensas de um trabalho que é muito mais do que saúde, é humanização.

Autoria: Cláudia Alves
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